quinta-feira, 29 de março de 2007

Que cidadania?

muita coisa se debateu nestes dois dias na Gulbenkian, em torno do tema do nosso encontro, Cidadania e Empregabilidade. Houve uma ideia que me ficou na cabeça, logo desde a primeira manhã: Rogério Alves deu-nos a sua visão dos desafios actuais à Cidadania, questionando o que tem sido a construção da Democracia em Portugal, desde o 25 de Abril. A Cidadania enquanto construção individual, enquanto responsabilidade do indivíduo, a medida em que este é útil à sociedade e sobretudo em que interioriza essa consciência social. É a tal responsabilidade que anda aliada à liberdade e que de facto parece andar cada vez mais esquecida ultimamente. Eu concordo profundamente com esta ideia, enquanto conceito parece-me perfeita e acredito profundamente que é esse o caminho que devemos tentar construir. Contudo, hesito no passo seguinte. E pergunto: quem está em condições de construir essa cidadania? Como diz Scott Lash "quão reflexiva pode ser uma mãe solteira num gueto urbano?" Concretamente em Portugal, como podemos ter um colectivo nacional participativo e activo sem condições económicas e sobretudo sociais? Sem habilitações e formação? Mas de facto, como nos falou Rogério Alves, nos anos conturbados da revolução dos cravos, a mesma população pouco habilitada e estruturada foi activa, foi participativa. Parece-me que para hoje podermos dar o passo que falta para a promoção duma real cidadania activa, no sentido que debatemos nestes dias, precisamos urgentemente de perceber as razões por detrás desta aparente contradição e quais as motivações, colectivas e individuais, à participação na coisa pública. E quem melhor do que nós sociólogos para empreender essa tarefa? Catarina Oliveira

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